As 3 raparigas


No domingo passado diverti-me imenso, com estas coisas de andar no mar. O mar tem andado baixinho (swell norte) mas ainda assim, quando se está de férias há que aproveitar todo o tempo que se tem para fazer (bem ou mal) aquilo de que se gosta. Ainda que o mar ande baixo, dá para a malta se divertir. Bom o local foi a praia Azul em Santa Cruz, final de tarde, maré a baixar e nem uma pontinha de vento. Na linha do horizonte, avistava-se um banco de nevoeiro que recortava ligeiramente o pôr do sol e ameaçava acelerar a ausência da luz solar. A calma do mar só era interrompida pela passagem das ondas pequenas mas quase perfeitas. Fiz-me à água com vontade de apanhar umas ondas capazes de me arrancar um sorriso rasgado de orelha a orelha. Sentado na prancha o momento era deslumbrante, todo aquele cenário para mim já era qualquer coisa de especial. A superfície da água parecia seda, e o silêncio apenas incomodado pela ondas que rolavam e quebravam rasas em direcção à areia. À minha direita três raparigas aproveitavam o momento tal como eu. Livre de qualquer preocupação remei para uma esquerda que me pareceu com potêncial, assim que a sua energia superou a minha, ergui-me e encostei-me à sua parede agarrado ao rail e deslizei por momentos, que na minha alma valem uma eternidade. O som do deslizar, a energia e envolvência do momento tão singelo, apenas resultaram na vontade de querer mais. E à minha direita, as três raparigas abrilhantavam ainda mais este cenário idílico. Sim porque para melhorar aquilo que se gosta, basta acrescentar uma mulher. Então enquanto esperava pela minha onda, contemplava as ondas das três raparigas. Para além de ver belas manobras que elas faziam capazes de envergonhar qualquer homem (eu principalmente), testemunhei ainda a amizade que existia entre elas. E é bonito ver pessoas unidas por um interesse comum, surfar, surfar, surfar...
Era excelente a forma como umas comemoravam eufóricamente as ondas das outras, e faziam alguma críticas construtivas, elogios e comentários. Enquanto isso eu arrancava os meus próprios sorrisos, não da forma tão brilhante como elas o faziam, sem manobras de especial, mas com igual alegria.
Com a luz a perder o seu vigor em que ao longe a civilização já necessita da luz artificial para continuar com os seus afazeres, o meu corpo cansado e alma revigorada pediam descanso e alimento pois a hora da refeição já tinha sido ultrapassada. Tudo o que é bom acaba, e aquele momento único iria acabar por ali, mas decerto vai perpetuar na minha memória. Ás três raparigas, das quais só uma ouvi o nome de Joana, agradeço por terem completado o cenário e partilhado o momento.

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