Abutres 2018 50K

Bom, chegou o momento de falar um pouco daquilo que foi a minha experiência na Ultra Maratona de 50 Km dos Trilhos dos Abutres. Para começar, a prova apareceu-me por sorteio como provavelmente à maioria das pessoas ditas "normais" que lá estiveram. E não foi à primeira, foi à terceira já que o ano passado não deu. Digo "normais", porque não devemos o ser na totalidade para nos sujeitarmos aquilo e temos de ter algum jogo de cintura/preparação para nos organizarmos para estar presentes de corpo, alma, saúde, devidamente apetrechados com material adequado e ainda assim a coisa não correr bem. É fácil não correr bem pois praticamente a cada passo que damos há um obstáculo, um perigo, uma dificuldade, um percurso quase na totalidade tão técnico que ainda estou para perceber como é que o André Rodrigues e companhia conseguiram fazer os tempos que fizeram e aconteceu o que aconteceu à Ester Alves. Quem não deu uma escorregadela nos passadiços? Quem não caiu uma única vez que seja? Na descida alucinante à corda para chegar à Sra. da Piedade comigo só foram 3 vezes. Mas posso dizer que vale o risco e muito a pena pois passamos por lugares lindíssimos, cascatas de cortar a respiração e paisagens que nos enchem a alma. Enchem quase tanto como a Autoestima com que ficamos quando terminamos a prova pois do primeiro ao último acreditem que todos e todas são verdadeiros heróis por não se deixarem vencer pela Serra da Lousã independentemente da distância a que se propõem. E os abastecimentos? A sopa nunca me soube tão bem, a cerveja e bifana no posto de vigia que vem tão a calhar que mais parece que estamos a começar de novo mas ainda assim, o difícil é partir embora sabendo que dali para a frente é quase sempre a descer. Quase sempre porque a verdade é esta depois de uma descida vem sempre uma subida e depois de Espinho vem sempre a lama. Tanta lama que reza a história que alguém numa edição anterior entrou na lama, saiu sem a sapatilha e nunca mais a viu. E já ansioso por chegar, o último quilómetro parece que nunca mais passa, quando saímos do trilho e entramos no alcatrão tudo demora. O tónico que puxa pela réstia de força regressa apenas quando dobramos a esquina e vemos finalmente o Mercado Municipal e ouvimos o speaker de serviço em Espanhol a proferir palavras de ânimo e exaltação. Sim porque os relatos em língua estrangeira têm outro encanto vai se lá saber porquê. Finalmente quase 3 anos depois de ter iniciado no Trail, na Lousã tudo começou e em Miranda Corvo não acabou, antes pelo contrário posso dizer que me tornei Ultra. Obrigado à minha família pela paciência e apoio, à Equipa dos Dolce Furadouro por proporcionar bons momentos de treino (sabem quem são e para onde vão) e ao Ricardo Ferreira que não diz que não a um Trail, não importa a distância ou local.

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